META CONNECT 2024: Um Overview

O evento foi transmitido ao vivo pelo site oficial do Meta Connect, pelo canal da Meta no YouTube e também pôde ser assistido em realidade virtual por meio do Meta Horizon.

Inovação // Tech-forecast
Por Gilles Pedroza Leite
Novembro, 2024

O Meta Connect, evento anual voltado para desenvolvedores e novidades em hardware da empresa responsável pelo Facebook e Instagram, ocorreu em 25 de setembro. A Meta apresentou suas novas tecnologias de realidade virtual e mista, além de destacar suas iniciativas relacionadas ao metaverso e inteligência artificial.

O CEO da empresa, Mark Zuckerberg, foi o anfitrião da apresentação principal, que foi seguida por um discurso técnico focado em desenvolvedores, conduzido por Andrew Bosworth, CTO da Meta e líder do Reality Labs. O evento foi transmitido ao vivo pelo site oficial do Meta Connect, pelo canal da Meta no YouTube e também pôde ser assistido em realidade virtual por meio do Meta Horizon. O principal foco da apresentação foi a integração das tecnologias de realidade mista e inteligência artificial nos produtos da empresa.

A Meta anunciou novidades para os óculos Ray-Ban Meta, destacando-os como um dos primeiros dispositivos vestíveis bem-sucedidos no uso de inteligência artificial. O modelo combina o design clássico dos Ray-Ban com tecnologia de IA integrada, permitindo que os usuários fizessem perguntas e recebessem respostas diretamente dos alto-falantes embutidos, além de identificar objetos através das câmeras incorporadas. Durante o evento Meta Connect, a empresa também apresentou o Meta Quest 3S, uma versão mais acessível de seus headsets de realidade mista, e novos recursos para suas plataformas de IA, como o Meta AI e o modelo de linguagem Llama. As atualizações nos óculos Ray-Ban incluíram novas funções, como a capacidade de definir lembretes a partir de comandos de voz e capturar fotos e vídeos sem a necessidade de um smartphone. Outra inovação anunciada foi o serviço de transcrição ao vivo, que permitirá a tradução de conversas em tempo real, embora não tenha sido esclarecido como essa funcionalidade será implementada. Além disso, os óculos ganharam novas cores de armação e lentes, com a opção de lentes de transição que se ajustam à intensidade da luz solar. Os novos recursos de IA estão previstos para serem lançados ainda este ano, segundo a Meta

A empresa apresentou o headset de realidade virtual Oculus Quest 3S, mais acessível, e uma versão aprimorada dos óculos inteligentes Ray-Ban Meta com tecnologia de IA. O principal destaque, no entanto, foi o Orion, um protótipo de óculos com display holográfico, em desenvolvimento há 10 anos. Segundo o CEO Mark Zuckerberg, os óculos Orion, disponíveis apenas para desenvolvedores, têm potencial para substituir smartphones em diversas funções, devido à sua interatividade avançada.

O projeto Orion da Meta tem como objetivo exibir imagens virtuais com forma e profundidade, em vez de gráficos planos em 2D. Segundo Anshel Sag, analista principal da Moor Insights & Strategy, o grande diferencial do Orion é seu campo de visão de 72 graus, tornando-o mais imersivo para aplicações como jogos, redes sociais e consumo de conteúdo, superando a faixa de 30 a 50 graus dos headsets tradicionais. A tecnologia de projeção e waveguide do Orion é semelhante a iniciativas anteriores da Snap e Magic Leap, que também utilizaram essa abordagem. A Meta não respondeu imediatamente sobre como sua tecnologia se diferencia e ainda não divulgou preços para desenvolvedores ou consumidores. O Orion permanece em estágio experimental, descrito por Mark Zuckerberg como uma "máquina do tempo".

O projeto Orion fortalece a posição da Meta no setor de realidade mista, onde grandes fabricantes de hardware, como Apple e Samsung, e concorrentes sociais, como Snap, buscam se destacar. A Apple lançou um headset de realidade virtual de US$3.500, focando em óptica avançada e design, enquanto a Snap introduziu óculos holográficos para desenvolvedores, considerados inovadores, mas majoritariamente inacessíveis. Em contraste, a Meta destacou-se no mercado consumidor com dispositivos de realidade virtual mais acessíveis, como o Meta Quest 3S, a um custo de US$300, além dos óculos e sunglasses Ray-Ban Meta.

Dados da Counterpoint Research indicam que os headsets de VR da Meta detêm cerca de 80% do mercado. A parceria com a Essilor Luxottica revelou que a empresa vendeu mais pares de óculos Ray-Ban nos últimos meses do que nos dois anos anteriores. No entanto, as vendas desses dispositivos são limitadas em comparação com os smartphones. Adicionalmente, algumas funcionalidades de IA nos óculos da Meta são restritas em regiões como a Europa. O futuro da tecnologia de projeção do Orion e sua integração com óculos leves e populares ainda é incerto. Nos últimos quatro anos, a Meta investiu bilhões para transformar a visão do Reality Labs em realidade, embora os óculos Orion possam nunca ser plenamente desenvolvidos. A empresa busca, no entanto, incorporar essa tecnologia em produtos cotidianos, como os smartphones.

A Meta está direcionando seus esforços para a inteligência artificial generativa e grandes modelos de linguagem, visando impulsionar a próxima fase de seu crescimento, assim como outras empresas da Big Tech. As funcionalidades de IA estão se integrando em quase todos os aplicativos e serviços da empresa, com novas atualizações previstas para o evento Connect. Os chatbots continuam a ser uma parte central dessa estratégia, com a disponibilização de personagens gerados por IA com as semelhanças de Snoop Dogg e Paris Hilton. Em julho, o Instagram passou a permitir a criação de chatbots personalizados, incluindo versões de IA dos próprios usuários. A Meta deve seguir essa tendência, apesar dos riscos associados à disseminação de desinformação. A empresa também planeja incorporar sua tecnologia de IA em futuros dispositivos.

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