Intitulado Eras, o desfile ocupou o palco como uma cena de cinema. A trilha, o casting estrelado e a arquitetura brutalista do espaço criaram uma atmosfera densa, onde moda e memória se entrelaçaram sem nostalgia.
Na última quarta-feira (23), a marca LINI apresentou sua nova coleção no Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina. Intitulado Eras, o desfile ocupou o palco como uma cena de cinema. A trilha, o casting estrelado e a arquitetura brutalista do espaço criaram uma atmosfera densa, onde moda e memória se entrelaçaram sem nostalgia.
A coleção parte de uma investigação sobre o feminino, refletido pela lente da Era de Ouro do cinema hollywoodiano. Mas em vez de encenar um passado idealizado, a proposta se sustenta no movimento — entre o preto e branco do cinema mudo e as cores que mais tarde ganharam a tela, entre o silêncio e o gesto, entre a rigidez da alfaiataria clássica e a fluidez de vestidos que escapam da forma.
Veja os principais highlights do desfile na experiência em Realidade Aumentada abaixo
As peças tensionam códigos: paletós alongados que se tornam vestidos, camisas estruturadas que revelam fendas, brilhos que emergem de cortes contidos. LINI se apropria da linguagem do cinema para falar da mulher de agora — uma figura plural, com presença e autonomia. Não se trata de arquétipos, mas de estados de espírito.
O desfile contou com nomes marcantes da moda brasileira, como Celina Locks — que voltou às passarelas após uma década —, Isabeli Fontana, Daiane Conterato, Vivi Orth e Gianne Albertoni. A escolha do elenco reforça a intenção da marca em evidenciar mulheres de personalidade e trajetória.
Fundada por Aline Guella e Eduardo Faci, LINI vem se consolidando como uma marca que articula moda, narrativa e comportamento. Eras é o terceiro capítulo dessa construção e talvez o mais preciso até aqui. Com um repertório que vai da roupa de trabalho ao vestido de festa, a marca reafirma seu interesse por peças que acompanham a vida real, sem abrir mão de um ponto de vista autoral.
LINI não homenageia apenas o glamour das divas do cinema — homenageia também a mulher brasileira que, hoje, ocupa novos palcos. A coleção não busca um retorno ao passado, mas um reencontro com ele, com olhos que enxergam a moda como linguagem viva, capaz de ressignificar símbolos, texturas e gestos. Entre uma era e outra, o que permanece é o desejo de expressão.
