Rafael Silvério é fundador, CEO e CCO da Silvério desde 2024. A marca que carrega seu sobrenome ficou conhecida principalmente pelas construções impecáveis na alfaiataria contemporânea e um discurso que transmite a verdade que um designer negro enfrenta na indústria da moda.
Com uma trajetória inspiradora, o jovem designer, empresário já atuou como professor no Senac Lapa Faustolo por 8 meses, e continua compartilhando conhecimento por onde quer que passe.
Conversamos com Rafael Silvério para entender um pouco mais sobre seu processo criativo, desenvolvimento e a relação de sua marca com novas tecnologias.
Acompanhe abaixo a entrevista completa.
Qual foi o motivo inicial para a criação da marca? O que te levou a querer desenvolver algo que transformasse a maneira com que as pessoas consumissem moda?
A Silvério nasceu depois de ter uma internação em clínica psiquiátrica consequente das várias crises de ansiedade que tive na busca de colocação no mercado, após conclusão da faculdade em 2013.
Eu nunca tive o intuito de usar moda como ferramenta de transformação e sim de expressão, eu gostaria de criar um ambiente que as pessoas rejeitadas, assim como eu, pudessem ter um lugar seguro para serem quem quisessem.
Ainda está longe de ser o ideal que eu coloquei como meta, mas acredito que aos poucos estamos expandindo os diálogos de raça, classe e gênero sem opor ou sobrepor os assuntos em suas distinções, consequentemente quanto mais eu tateava no escuros os assuntos mais conseguia bolar estratégias de infiltração para outras narrativas
Quais são os principais desafios tecnológicos que a Silvério enfrentou desde sua criação?
Quando falamos em tecnologia é justamente conseguir disseminar as técnicas de corte de alfaiataria com mix de corte em viés, essa forma de fazer as peças, e disseminar essas técnicas de atelier em uma roupa em larga escala nunca fez sentido, então tivemos que adequar nosso ciclo produtivo e navegar por novos mercados que conseguisse valorizar tanto nosso processo de confecção como o humano no qual estamos tão entregues a esses formatos, a Silvério gosta de contar história em profundidade e essa é nossa maior tecnologia ancestral.
Como você enxerga a relação de uma construção estética latino-americana dentro da sua marca e quais são os objetivos da Silvério para esse ano? Qual impacto vocês gostariam de atingir?
A Silvério comemora 10 anos, além da entrada de dois novos sócios - Jessyca Faria -CCO e João Massud (Sud) como CRO é um momento de olhar pro nosso legado construído e entender como ajustar a nossa visão de futuro. Estamos colocando os esforços no lançamento de uma linha de trajes cerimoniais focado na comunidade LGBTQIAPN+ e aliados chamada Celebration, a coleção Sublime é a primeira mostra de como essa linha permeia essa roupa cotidiana que já trabalhamos e somos reconhecidos por. Entrar nesse mercado cerimonial, a fim de discutir outros formatos da instituição casamento e atender um mercado que vem se aquecendo após os últimos anos. Vamos discutir o amor pela poetica da cidade, e o altar pela perspectiva urbana, não vamos deixar de fazer roupa cotidiana, mas eu estou animado em mostrar essa outra faceta, afinal todos deveriam ter o direito garantido de expressar e viver seus amores sem clandestinidade, queremos abrir dialogo com a comuinidade - porque quando nasci negro, tambem nasci gay.
