Uma história da fragrância na França com a Familia d’Ornano

Os aromas têm uma influência única em nossas vidas, transcendentais desde o nascimento. Desde os primeiros momentos, quando somos acolhidos nos braços maternos, o cheiro da mãe se torna uma parte integral de nossa experiência sensorial, estabelecendo um vínculo emocional essencial e proporcionando uma sensação de serenidade.

Beleza // The Mirror
por Sarah Rocksane Araújo
Maio, 2024

Hoje em dia, mais do que nunca, os perfumes não são apenas um luxo, mas uma necessidade básica para muitos na sociedade contemporânea. A busca pela fragrância perfeita não se trata apenas de vaidade, mas de satisfazer uma necessidade humana fundamental de expressão e identidade. É uma maneira de se adornar com uma aura invisível, que transcende o físico e se conecta diretamente ao eu interior.

Em diferentes culturas, essa necessidade é satisfeita de maneiras diversas. Seja através de óleos aromáticos na Índia, incensos perfumados no Japão ou loções sofisticadas no Ocidente, a busca pela fragrância ideal é uma constante em todas as partes do mundo. Essa diversidade reflete não apenas a variedade de gostos e preferências, mas também a riqueza da experiência humana em sua totalidade.

Compreender a história da fragrância é entender o papel dos perfumes, não apenas como uma indulgência sensorial, mas também reconhecendo a importância dos pequenos rituais diários que nos conectam com nosso próprio ser e com a percepção de nós dos outros ao nosso redor.  Dentro do universo das fragrâncias, existe uma conexão misteriosa que transcende os sentidos, unindo cheiros, memórias, gostos e até mesmo sons. Uma crença enraizada há séculos sugere que certas fragrâncias estão intrinsecamente ligadas a diferentes tonalidades musicais, uma sinfonia olfativa que ecoa desde tempos remotos.

Remontando a 150 anos atrás, o perfumista G.W. Septimus Piesse, em 1867, destacou essa fusão entre aromas e música, proclamando que "existe, por assim dizer, uma oitava de cheiros como uma oitava na música". Para Piesse, a compreensão e apreciação de ambas, música e fragrâncias, são similares, ecoando harmonicamente em nossas percepções.

Ainda na história dos perfumes, os franceses imortalizaram o termo "parfum" para descrever os aromas exalados pela queima de incenso. Surpreendentemente, a primeira forma de perfume remonta aos mesopotâmicos, cerca de 4000 anos atrás, quando o incenso era fabricado e utilizado em cerimônias religiosas. Culturas antigas utilizavam uma gama de resinas e madeiras, incensando-as em seus rituais. O Egito, conhecido por sua riqueza cultural e sofisticação, viu a chegada do incenso por volta de 3000 a.C., mas foi somente durante a Era Dourada que os perfumes foram democratizados, abandonando sua exclusividade inicialmente reservada aos sacerdotes.

À medida que os egípcios comuns passaram a desfrutar dos aromas exuberantes, adotaram rituais de beleza elaborados, mergulhando em banhos perfumados e revigorando a pele com óleos aromáticos, enaltecendo assim os prazeres sensoriais.

O século XIX, marcado por uma era de inovação e progresso, testemunhou transformações profundas na indústria do perfume. As mudanças nos gostos e os avanços na química pavimentaram o caminho para a perfumaria moderna. Se antes os perfumes eram extraídos exclusivamente de uma flor, hoje eles se tornaram uma sinfonia complexa de notas, uma mistura harmoniosa de produtos químicos naturais e sintéticos que conferem identidade e profundidade às fragrâncias contemporâneas. Mas ainda que a tecnologia seja presente, a tradição na perfumaria de luxo tem se tornado fator de diferenciação.

LES EAUX RÊVÉES, EAU RÊVÉE D’HUBERT DE SISLEY PARIS

A coleção de fragrâncias Les Eaux Rêvées desembarca no Brasil com o perfume Eau Rêvée d’Hubert. As águas dos sonhos, em uma tradução livre, conta com seis fragrâncias inspiradas nos membros da família (quatro fragrâncias recebem o nome dos netos d'Ornano). Em particular, a mais recente das fragrâncias é chamada de "L'Eau Rêvée d'Hubert", que homenageia o amor de Hubert pela fragrância e possui a assinatura de sua esposa Isabelle d'Ornano e do perfumista Alexis Dadier.

Isabelle concebeu esta fragrância com a intenção de capturar a essência distintiva e vigorosa do gerânio, dando-lhe uma abertura poderosa e original. A relação intrínseca entre a marca e a história da família d'Ornano é fundamental para compreender essa fragrância. Desde sua fundação em 1976, a Sisley Paris tem sido uma empresa familiar francesa, iniciada por Hubert e Isabelle d'Ornano. Hoje, seu legado é perpetuado por seu filho Philippe d'Ornano e sua filha Christine d'Ornano, representando três gerações de dedicação e excelência no setor de beleza. Com um compromisso inabalável com o savoir-faire francês, todos os produtos para cuidados com a pele são meticulosamente fabricados na França, refletindo a paixão e o orgulho da família pela tradição artesanal.

A jornada olfativa de L'Eau Rêvée d'Hubert começa com uma explosão refrescante e verde, evocando a sensação de um jardim em flor. À medida que se funde com a pele, revela camadas de notas que aquecem gradualmente. Com notas de cabeça vibrantes de Menta, Agathosma e Shiso, seguidas por um coração sedutor de Gerânio, Papiro e Cedro, esta fragrância faz ode à natureza e à elegância atemporal. Sua base, enriquecida com Musgo de Carvalho, Patchouli e Ambroxa, confere uma profundidade duradoura.

Um tributo perfumado à harmonia entre passado e presente, esta é uma essência que transcende o tempo, capturando uma história de amor e da elegância francesa.

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