Favela é Giro: Exposição do Museu das Favelas ressalta a Arte Periférica que Gira o Brasil

A arte da periferia brasileira está em movimento. A exposição itinerante "Favela é Giro", apresentada pelo Museu das Favelas, chega a Goiânia com o propósito de revelar as nuances, potências e riquezas das favelas brasileiras.

Cultura // Movimento
por Caíque Nucci
Setembro, 2024

A arte da periferia brasileira está em movimento. A exposição itinerante "Favela é Giro", apresentada pelo Museu das Favelas, chega a Goiânia com o propósito de revelar as nuances, potências e riquezas das favelas brasileiras. O evento, que aconteceu no Centro Cultural Octo Marques, inaugurou no dia 29 de agosto a exposição, que segue até 2 de outubro, até ir para outra cidade.

Com curadoria de Bruna Gregório, "Favela é Giro" reúne 20 obras que celebram as favelas como centros dinâmicos de cultura, criatividade e resistência. O projeto, patrocinado pela EDP, empresa do setor elétrico, tem como missão ampliar a percepção sobre esses territórios, frequentemente estereotipados e marginalizados. O termo "Giro", utilizado no título, remete a expressões populares das periferias brasileiras, como "dar um giro" ou "dar um peão", que significam um passeio ou circulação. Essa metáfora de movimento é traduzida em obras que exploram diversas formas de território, desde quilombos e aldeias até sertões e palafitas.

Bruna Gregório, Curadora da Exposição Favela é Giro

O Museu das Favelas em Direção ao futuro com Tecnologia 

Em parceria com a Complete Magazine, o Museu das Favelas desenvolveu um filtro de Realidade Aumentada para a obra "Sou um Soldado de Ogum", de João Ferré.

Ao apontar a câmera do Instagram para a obra na exposição, os visitantes poderão ver efeitos 3D em movimento, como dragões e imagens animadas. O objetivo da experiência imersiva é dar vida digital ao conceito criado pelo artista, ampliando a ideia por trás da obra.

E o Museu das Favelas foi além na adaptação das novas tecnologias. Para quem não puder visitar a exposição presencialmente, a experiência pode ser acessada de qualquer lugar. Basta apontar a câmera do Instagram para uma imagem da obra, e os efeitos serão ativados, graças à tecnologia de rastreamento digital utilizada.

Escaneie o QR Code abaixo, abra o Instagram e aponte a camera do celular para Obra.

Sou um Soldado de Ogum, de João Ferré

Arte, Resistência e Representatividade

Natália Cunha, diretora do Museu das Favelas, ressalta que a exposição é uma celebração da diversidade e criatividade das favelas. “Nosso objetivo é mostrar o impacto transformador da arte e da cultura das favelas, apresentando-as como centros pulsantes, criativos e econômicos. Estamos muito felizes em levar a segunda itinerância do Museu das Favelas a novos territórios, nos conectando a artistas e suas obras dos mais diversos lugares”, afirma.

Dominic Schmal, diretor de ESG da EDP na América do Sul, destaca a importância de dar visibilidade à arte periférica e de impulsionar a economia criativa. “Por meio dessa exposição itinerante, estamos mapeando e expondo as obras de artistas locais, contribuindo para dar visibilidade à arte periférica e para impulsionar a economia criativa, além de levar arte e cultura para a população que vive na nossa área de atuação”, diz Schmal.

Artistas e Obras em Destaque

A "Favela é Giro" conta com uma ampla variedade de artistas de diferentes regiões do Brasil, cada um trazendo suas perspectivas únicas sobre as favelas e os territórios periféricos. Entre os artistas de Goiânia estão o Batalhão das Gravadeiras, João Ferré, Lucas Bororo, Mayara Varalho e Marcelo Ramalho. Do Espírito Santo, destacam-se Iaiá Rocha, Viviane Nascimento, Ara Poty Mirī Txapya (Dayanne Guarany), De Santanna (Dimas) e Meuri Ribeiro. De São Sebastião, estão Brenalta MC, Edmarlei, Swell Nobrega, Juvenal Pereira e Jorge Mesquita. Representando Ferraz de Vasconcelos, temos Fabrício, Micke Tranbiks, Anubis, além da dupla Silas Nascimento e Lucas Bezerra.

Entre as obras expostas, merece destaque a obra "Além do Alcance", de Dimas de Sant’Anna, que sintetiza o espírito da mostra ao retratar a luta, o orgulho e a beleza dos territórios periféricos. A exposição inclui também criações audiovisuais que capturam o dinamismo e a resiliência desses territórios, rompendo com os estereótipos e apresentando uma nova narrativa das favelas.

Itinerância e Conexões ao Redor do Brasil 

Após sua passagem por Goiânia, "Favela é Giro" seguirá seu caminho, levando a arte periférica a outras cidades brasileiras, como Vitória (ES), São Sebastião, Ferraz de Vasconcelos e São Paulo (SP). Para construir essa narrativa plural e coletiva, foram selecionados três pesquisadores que representam algumas das regiões por onde a exposição passará: Xica de Goiânia, Ana Luzes de Vitória e Brenalta MC de São Sebastião. Cada um deles traz sua visão e experiência, enriquecendo o diálogo entre as diferentes vozes das periferias brasileiras.

Informações sobre a Exposição

Exposição Itinerante "Favela é Giro"

Abertura: Quinta-feira, 29 de agosto, às 18h30

Local: Centro Cultural Octo Marques (Edifício Parthenon Center, R. 4, 515 - St. Central / Entrada pela R. 7)

Período: De 29 de agosto a 2 de outubro de 2024

Horário de Funcionamento: Segunda a domingo, das 9h às 17h (exceto feriados)

Classificação: Livre

Entrada: Gratuita

Ler mais