A coleção, intitulada Alone With The Stars, alternou entre silhuetas inspiradas na antiguidade e soluções técnicas de vestuário. Corsets com flores fundidas em metal, crinolinas reinterpretadas como peças de alfaiataria, blazers moldados sobre o corpo.
Durante a Milão Fashion Week, no início de março, Giuseppe di Morabito apresentou sua coleção Fall/Winter 2025 com uma imagem que condensava presente e futuro. A humanoide Ameca, considerada uma das mais avançadas do mundo, foi despertada ao vivo no início do desfile. Recitou um trecho de Sartor Resartus (1834), texto de Thomas Carlyle sobre roupas e a condição humana. Em seguida, a atriz Amelia Gray entrou na passarela e deu início à parte física da apresentação.
A coleção, intitulada Alone With The Stars, alternou entre silhuetas inspiradas na antiguidade e soluções técnicas de vestuário. Corsets com flores fundidas em metal, crinolinas reinterpretadas como peças de alfaiataria, blazers moldados sobre o corpo. A cartela de cores seguiu tons terrosos e neutros, conectando ruínas e paisagens naturais.
Ao final, Ameca retornou à cena para um gesto espelhado com a modelo Yasmin Wijnaldum. Um momento de interação entre humano e máquina que sugeriu mais continuidade do que contraste.
Giuseppe di Morabito nasceu em 1992, em Molochio, vila na Calábria. Cresceu observando costureiras e alfaiates locais, e desenvolveu interesse por corte, modelagem e arte sacra. Sua primeira coleção usava imagens de afrescos barrocos como estampas em peças de streetwear. Em 2014, fundou sua marca e passou a criar coleções baseadas em técnicas tradicionais, como o crochê e a corseteria, incorporadas a uma estética contemporânea.
Com apoio do fundo Style Capital, a marca ganhou espaço internacional e passou a integrar o portfólio de varejistas como Harrods, Selfridges, Printemps, MyTheresa e La Rinascente.
A marca trabalha com alfaiataria de linhas limpas, tecidos estruturados, corsets com barbatanas internas e vestidos com drapeados e cristais. As peças combinam elementos clássicos com cortes atuais. A iconografia de deusas como Vênus aparece de forma recorrente, não como tema, mas como base formal.
O FW25 inseriu Di Morabito no debate sobre moda e inteligência artificial. Ameca não surgiu como oposição, mas como parte do desfile. O encontro entre a modelo e a robô marcou um momento de transição. A tecnologia foi apresentada como linguagem, não como efeito.
O desfile aponta para um tipo de moda que não abandona suas referências, mas as reorganiza para pensar o agora. Um presente onde passado e futuro dividem o mesmo espaço.