Complete Collection #2 - Design Gráfico

Na segunda edição, exploramos as criações de designers gráficos, um grupo dedicado a reimaginar a maneira com que enxergamos formatos e layouts em nossa realidade. Esses, são responsáveis por conduzir nosso olhar através de construções imaginárias, compostas por cores, símbolos e formas geométricas. 

Creative Network // Complete Collection
por Complete Magazine
Julho, 2024

Bem-vindo à 2ª edição da Complete Collection, uma série curatorial que contempla o trabalho criativo nas suas múltiplas manifestações. 

Na segunda edição, exploramos as criações de designers gráficos, um grupo dedicado a reimaginar a maneira com que enxergamos formatos e layouts em nossa realidade. Esses, são responsáveis por conduzir nosso olhar através de construções imaginárias, compostas por cores, símbolos e formas geométricas. 

Desde capas de livros, logotipos, cartazes, interfaces de websites até campanhas publicitárias e embalagens de produtos - essas são algumas das áreas em que esses profissionais atuam. Utilizando softwares especializados, eles criam composições visuais para publicações impressas, mídias digitais, branding corporativo e muito mais. Embora recente, essa profissão evolui constantemente com o avanço das novas tecnologias.

As mudanças recentes aceleraram a busca por reinvenção e fuga da realidade existente, e a criatividade tornou-se uma ferramenta essencial nesse processo. Muitos criativos começaram a explorar novas formas de expressar suas ideias no universo digital. A nova geração, muitas vezes chamada de Nativos Digitais, combina suas habilidades criativas com novos instrumentos e dispositivos, gerando uma explosão de visuais cativantes, identidades de marca inovadoras e comunicações visuais impactantes.

Na Complete Magazine, acreditamos que tudo que existe partiu de um princípio de layout. Com isso, damos espaço e celebramos esses profissionais, para que possam continuar desenvolvendo tudo aquilo que intuem criativamente

Para apresentar melhor essa profissão e entender a mente por trás desses criadores, a Complete Magazine selecionou profissionais que estão redefinindo o campo e deixando seu legado com cada design. Respondendo apenas duas perguntas, os Designers nos contaram:

  1. Você sente que a área criativa na qual atua é competitiva? O que define sucesso profissional pra você?
  2. Enquanto profissional criativo, você sente a necessidade de estar presente de forma ativa nas redes sociais? Acredita que a autopromoção contribui para geração de oportunidades?
  3. Qual habilidade você considera indispensável ao construir uma carreira na área criativa? Como foi pra você desenvolver essa habilidade?

Confira o trabalho dos integrantes da comunidade criativa Complete Magazine

Aline Bernardes

Sou estudante de Design Gráfico e Digital no Istituto Europeo di Design SP. Tenho um olhar atento e sensível para estéticas e harmonias, mesmo em meio ao caos do cotidiano. Minha conexão com a arte, fotografia e audiovisual sempre foi profunda, e minha paixão se reflete nas áreas de editorial, ilustração, colagem digital e identidade visual. Atualmente, trabalho como Designer Gráfica no Eataly São Paulo. Minha função envolve contribuir para o processo criativo da estratégia de comunicação digital da marca, colaborar com gestores na produção de conteúdos criativos para canais físicos e digitais, e criar materiais institucionais.

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Sim, sinto que a área criativa em que atuo é altamente competitiva. A constante evolução das tendências e a grande quantidade de talentos fazem com que seja um campo desafiador. Para mim, o sucesso profissional é definido pela capacidade de ser autêntico e aplicar minha essência e identidade de forma harmônica nos trabalhos que realizo. Conseguir criar projetos que reflitam quem sou e que transmitam uma mensagem única é extremamente gratificante. Além disso, o reconhecimento e a satisfação dos clientes e colegas são fundamentais, pois mostram que meu trabalho está atingindo seu objetivo e fazendo a diferença.Trabalhar com o que gosto e fazer o que amo são pilares essenciais para mim. A paixão pelo design e pela criatividade me impulsiona a enfrentar os desafios e a buscar constantemente o aperfeiçoamento. Quando estou imersa em um projeto que me entusiasma, sinto que estou no caminho certo, independentemente das dificuldades. 

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 Como profissional criativa, acredito que estar ativa nas redes sociais é importante para que meu trabalho atinja um público mais amplo e seja mais democrático. Nem todos têm acesso aos espaços onde os trabalhos de designers são tradicionalmente expostos, então as redes sociais oferecem uma plataforma acessível para compartilhar minhas criações.Infelizmente, ainda não sou tão ativa de forma direta e escancarada nas redes sociais. Prefiro uma abordagem mais discreta, onde transmito minha estética por meio de fotos e vídeos principalmente no Instagram. Essa prática me permite desenvolver uma linguagem específica e transmitir meu olhar sobre as coisas e assim minha identidade através desses meios de comunicação. No entanto, aos poucos, quero postar e divulgar mais meu trabalho, aumentando minha presença online de maneira estratégica e autêntica. Acredito que, mesmo com uma presença mais sutil, é possível gerar oportunidades e conectar-me com pessoas que apreciam e se identificam com o meu trabalho. 

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Para construir uma carreira na área criativa, considero que algumas habilidades são indispensáveis: comprometimento, autenticidade e determinação.Desenvolver essas habilidades foi um processo gradual e desafiador. O comprometimento envolveu dedicar tempo e esforço contínuos para aperfeiçoar minha técnica e alcançar meus objetivos profissionais. Isso significou trabalhar em projetos variados, buscar feedback e estar sempre disposta a aprender e melhorar.A autenticidade, por sua vez, foi algo que desenvolvi ao me conhecer melhor e entender o que realmente ressoava comigo como artista. Esse processo incluiu explorar diferentes estilos e técnicas até encontrar o que refletia minha identidade e visão criativa. Manter a autenticidade me ajudou a criar um trabalho que era verdadeiramente meu e não apenas uma imitação de tendências.A determinação foi crucial para superar os desafios e manter o foco, mesmo quando os resultados não eram imediatos ou quando surgiam obstáculos. Foi essencial manter a motivação e continuar perseguindo meus objetivos, mesmo quando o caminho parecia difícil.

Liene Rosa

Liene Rosa é artista, diretora criativa e designer gráfica. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.  Atualmente, além de colaborar no departamento de design da Biscoito Fino – gravadora independente referência no segmento MPB, lançando artistas como Chico Buarque, Gal Costa e Maria Bethânia – Liene é uma das mentes por trás da direção criativa e curadoria da nova onda de revistas digitais que documentam e abrem espaços para nova geração de criadores do underground. No campo das artes interdisciplinares, participou de exposições coletivas e possui diversos livros de poesia publicados. Trabalha com processos criativos, pesquisa, desenvolvimento e comunicação de projetos culturais e artísticos.  Acredita que criar projetos culturais ou boas imagens tratam-se da mesma coisa: “Enxergar e materializar o invisível. Seja uma falta no mercado, um sentimento, uma personalidade, a energia de um espaço, a textura de uma música". Em seu trabalho, contemporâneo e múltiplo por natureza,  referências punk, underground e brasileiras se encontram e, na fusão de conceitos opostos, criam um imaginário particular, elegante e subversivo. 

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O mercado criativo é extremamente competitivo. Em primeiro lugar, nosso segmento não é valorizado como os demais. Perceba: quanto mais racional o trabalho, maior seu mercado, seu cargo e salário. É uma eterna contradição - ao mesmo tempo em que me sinto privilegiada por trabalhar com cultura, lutamos para mantê-la de pé. O senso comum ainda carrega a ideia colonizada de que cultura é algo elevado, superior. Na verdade, o rigor técnico e a liberdade lúdica coexistem no que fazemos. Acredito no viés antropológico de que a cultura está na manifestação de todos os lugares e todas as pessoas. A cultura é a materialização da psique social, é o nosso sonho, nosso desejo, nossos protestos e, por isso, um trabalho crucial e importantíssimo, como qualquer outro. Nisso, nossa socialização moldada pelo capitalismo e economia dos likes gera escassez de trabalhos e competições sem sentido. Esse contexto, aliado ao ego criador, nos coloca novamente em contradição: sabemos da competitividade, sabemos do sistema, mas ainda fazemos parte dele.Sucesso, para mim, é realizar os desejos da Liene de oito anos. É poder conciliar liberdade criativa e financeira, mas, como alguém da geração Z, ter um olhar para o bem-estar e qualidade de vida. É poder trabalhar com pessoas que admiro em projetos nos quais realmente acredito. Trazer outras pessoas comigo. Viver a montanha-russa do processo criativo, errar, desenvolver minha linguagem. Sucesso é o final e o caminho.

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 Acredito que, antes de estar ativo nas redes, é preciso se entender como criativo. O que te move? Qual é o seu estilo? Em qual área você deseja trabalhar? Hoje em dia, praticamente todos criam conteúdo com viés profissional, mas você alcança as pessoas que quer atingir? Reconheço a importância da presença digital; é praticamente um privilégio viver offline, mas também há o caminho de um perfil mais seletivo. Tenho amigos que já trabalharam com artistas gigantescos, já expuseram na Times Square e fazem uma publicação a cada dois meses. Prefiro postar os trabalhos que mais façam sentido para mim e, com isso, venho conquistando os projetos que gostaria. Sei que o mercado não é meritocrático, mas, surpreendentemente, estou feliz em investir em um portfólio coeso. Estilos parecidos atraem pessoas parecidas, por isso investir meu tempo nos meus próprios processos vem atraindo para mim os projetos e as pessoas certas.   

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Sempre que me fazem essa pergunta, lembro da direção criativa da revista britânica I-D. Seu logo, um emoji de um rosto piscando, também é representado nos retratos dos artistas nas capas: sempre piscando. Um olho para dentro, outro para fora. Aqui, a revista que fala sobre identidade nos lembra como é ser criativo. É indispensável estar atento ao externo, ao mercado e suas dinâmicas, mas, ainda assim, sem um olhar para dentro, não há pose para a foto da capa, não há logo, não há ato, nem identidade. É fácil só olhar para fora, cair na zona de conforto e atender às expectativas. Me considero em início de carreira, mas, observando outros artistas que admiro, acredito que não seja isso que faz um ponto fora da curva. Por isso, procuro me lembrar do motivo pelo qual comecei. Da pulsão criativa que te tira da cama pela manhã, da garotinha de oito anos que passava a tarde ouvindo música, assistindo  videoclipes, revirando livros e vinis. Estar em contato com a cena eletrônica underground, tão pulsante, excêntrica e magnífica, e meus amigos tão incríveis, que me inspiram tanto. É preciso lembrar de quem você é.

Vinicius Mauro

Me chamo Vinicius, tenho mais de 8 anos de experiências com o design gráfico e a arte. Explorando e estudando, errando e aprendendo, onde me encontrei e me encontro, construindo uma bagagem de muita experiência profissional e pessoal. Atualmente moro em Belo Horizonte, sou bacharel em Design Gráfico, finalizando uma segunda graduação em Artes Plásticas na escola Guignard/UEMG, faço parte do programa de pós-graduação em artes da UEMG com foco em captação de imagem para dispositivo VR/Video 360°.  Trabalho com projetos de identidade visual, branding, diagramação, ilustração, alguns projetos em manipulação e captação de imagem, campanhas publicitárias etc.

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Atualmente somos bombardeados a todo instante com vários tipos de vagas na área da criatividade, com milhões de exigências que fogem do senso humano, causando um turbilhão de sentimentos que levam a Fomo, você ter que saber de tudo, fazer de tudo, assim talvez ainda consiga ter uma chance. Contudo, com mais de 8 anos trabalhando minha criatividade todos os dias, passando por experiências pessoais e profissionais de peso, hoje em dia vejo o sucesso profissional muitas de suas vezes como algo até mesmo competitivo nos tempos de hoje. Estar em um ambiente que te dê segurança no presente e pro futuro, tanto financeiramente quanto profissionalmente, que invista e valorize o profissional de forma humana, e estar feliz com o que escolheu fazer, são definições de sucesso profissional que busco.

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Sempre, a todo momento sinto e vejo a importância de estar presente de forma ativa nas redes sociais. A forma que a mesma se tornou e vem se transformando a cada dia fica até difícil de acompanhar muita das vezes, pois é nela que conseguimos alcançar lugares e nichos diversos, é a vitrine que nos criativos temos de mais forte, nela nós promovemos e em sua grande parte somos promovidos a oportunidades profissionais e pessoais. A quem diga o contrário, mas penso veemente que a criatividade estará sempre ligada a todos os tipos de desenvolvimento tecnológico.  

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Considero a comunicação como uma habilidade indispensável ao construir uma carreira na área criativa nos tempos de hoje, tanto ela verbal, não-verbal, escrita e visual. aprender a desenvolver essa habilidade e suas vertentes te torna a cada passo, mais forte, confiante e seguro em qualquer caminho que siga. Evolui bastante a minha habilidade de comunicação, desde o meu início profissional, não foi fácil, aprendi na raça, na necessidade e no aperto, me vi em situações de nervosismo, esquecer, gaguejar, momentos em que não conseguia passar nenhuma confiança do trabalho, porém ainda tenho muito que aprender. São camadas internas que tive que trabalhar diariamente, mantendo mente e corpo ligados e saudáveis.

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