Entre Utopia e Realidade: O Universo Artístico do produtor musical deddjazz

Com uma abordagem pluralista e colaborações diversas, o produtor musical paulistano explora o inconsciente coletivo e a ancestralidade musical, enquanto navega pelos desafios da era digital.

Cultura // Spotted: Human
Por Complete Magazine
Junho, 2024

Conhecido por seu alter ego que declara guerra contra a indústria de copyright, deddjazz  se destaca por sua habilidade versátil nos instrumentos que tem à disposição ao criar um universo artístico único, onde fragmentos de filmes, videogames e elementos imersivos são mesclados para formar uma experiência sonora atemporal. Seu trabalho não apenas desafia convenções, mas também convida os ouvintes a mergulharem em um mundo onde o inconsciente coletivo se materializa em sons e ritmos.

Resistindo à superficialidade das redes sociais, o músico não diminui seu impacto artístico. Ao invés de se render às pressões de criar conteúdo rápido e efêmero, ele opta por um desenvolvimento mais cuidadoso e significativo de seus projetos. Isso reflete sua crença de que a música deve ser mais do que um produto de consumo instantâneo; deve ser uma forma de arte que ressoa profundamente com as emoções e experiências humanas. Essa filosofia o leva a colaborar com outros músicos que compartilham sua visão, resultando em composições ricas e multifacetadas.

Conversamos com deddjazz para saber mais um pouco mais sobre seu processo criativo e seus desafios. Confira na entrevista abaixo.

CM: Você acha que a familiaridade que tem com os diversos instrumentos que toca te impede de se aprofundar e se especializar em um único instrumento? Durante o seu processo criativo você já se deparou com a necessidade de trazer um músico "especialista" para materializar a sua visão criativa? Como ocorrem essas colaborações?

Definitivamente. A minha necessidade criativa me impede de focar em um instrumento específico, mas se fosse pra escolher, eu também não faço ideia de qual seria. Acho que minha natureza musical é bem plural quando se trata de ver muito claro a necessidade de não experienciar a criação da música como uma coisa democrática. Ela dita quase tudo o que precisa, em termos de harmonia, convenções e ritmos; e meu prazer é conduzir o direcionamento que ela, como estado de espírito, está tomando, então no final das contas, eu preciso da maioria dos instrumentos básicos à minha disposição. Na maior parte das vezes, eu sinto a necessidade de um cantor/a, geralmente o arranjo e melodia é feito por mim, e o cantor/a faz a letra e trás a sua identidade pra canção. O mesmo acontece com instrumentos de sopro, bateria ou instrumentos que não estão à minha disposição.

CM: Enquanto produtor musical, como você se relaciona com a dinâmica das redes sociais e a necessidade de produzir conteúdo para alcançar mais ouvintes? 

Não me relaciono muito bem. É certo que a tecnologia e as redes sociais trouxeram uma certa democracia nos meios de comunicação, mas trabalhar na música, na mixagem, na masterização, nas capas, nos releases de cada projeto, e aí na divulgação, tira toda a minha energia de fazer uma vitrine em formato de vídeo pra minha arte; porque a verdade é que eu tentei, mas os conteúdos estão longe de fazer parte de algo artístico. Penso que essa vitrine antigamente eram clipes, a Mix TV, play TV, MTV, num tempo que os processos eram delegados a pessoas específicas e todo tipo de conteúdo produzido fazia parte de uma era específica de um artista. Eu simplesmente não posso dar conta de tudo com a qualidade que eu quero, então prefiro direcionar melhor a minha energia.

CM: Para você o streaming é a solução ou parte do problema para artistas independentes no que diz respeito à distribuição de obras fonográficas? 

Em termos de facilidade, chegamos ao ápice. Temos todas as músicas na palma da nossa mão. A internet é boa o suficiente pra que possamos curtir um som em alta fidelidade sem problemas de armazenamento, por outro lado, o volume é muito alto e nem tudo é tão bom. Sem falar na péssima distribuição de royalties para artistas. Então de uma maneira direta, eu acho que o streaming é um problema e uma solução.

CM: Para além da quantidade de ouvintes, onde você espera chegar com o seu trabalho? Como você imagina o desenvolvimento da sua carreira e do seu trabalho nos próximos anos?

No mundo inteiro. Sinto que esse meu começo foi fortíssimo em pesquisas norte-americanas por conta de uma relação espiritual e ancestral com o blues/hip-hop/jazz. Daqui pra frente eu quero incorporar mais a nossa distinta ritmologia do funk carioca, do samba, e essa vibe carnavalesca que eu acho tão intrínseca na vida de cada brasileiro que nos diferencia em qualquer lugar.

CM: O que você pode nos dizer sobre o seu próximo lançamento? Existe uma fonte de inspiração principal para esse próximo trabalho? Quando será lançado oficialmente?

Meu próximo lançamento será o álbum “deddmatics”. É mais um compilado de trabalho ao longo de 1 ano.  Ele será lançado no dia 05/07. Até o final de 2024, vou tirar muita coisa do meu HD que pode ser interessante pra quem quer acompanhar meu desenvolvimento artístico, do ano que vem pra frente, vem coisas frescas, com a presença de ritmos nacionais, pretendendo também focar mais em canções do que instrumentais. 

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