Fundada por Mateus Salimena, a Few foi criada para transformar e traduzir o cotidiano dentro de uma metalúrgica em formas reais e experimentais.
Aço carbono, couro natural, lona e pintura eletrostática. Esses são alguns dos elementos que podemos encontrar na coleção do Estúdio Few, marca de design e mobiliário que nasceu dentro de uma pequena metalúrgica no Rio de Janeiro.
Mateus Salimena, Fundador e Diretor Administrativo da Few, cresceu em um ecossistema onde a indústria reinava. Quando começou a trabalhar na empresa do seus pais, percebeu que aquele ambiente poderia se tornar algo maior. Movimentando-se em direção a algo mais criativo e inovador, Mateus criou a Few para que fosse uma mensagem de reinvenção à frustração existente causada pelo mercado.
"Eu cresci na empresa dos meus pais, uma pequena metalúrgica que fornecia serviço para outras empresas, e ambos sempre cultivaram muitas frustrações a respeito do mercado, então quando eu comecei a trabalhar lá, a gente decidiu criar nosso próprio produto na intenção de mudar o rumo da empresa, bem antes de termos o nome da marca ou nada parecido."
E não demorou muito para que as coisas começassem a engrenar e que a primeira coleção estivesse pronta. A Cadeira Ângulo, um dos ícones do Estúdio, foi a última peça a entrar na coleção e acabou se tornando um ponto de encontro entre as demais. Se apropriando do design marcante da coleção, é possível ver como cada dobra do encosto reflete a luz de forma única, criando uma distribuição de tons em degradê da pintura.
Esse é um dos expertise da marca: unir o conhecimento da indústria ao design contemporâneo. De um lado a estética e a contemporaneidade na forma de desenhar mobiliário e ocupar espaços, e do outro a resistência e durabilidade dos materiais e processos de construção.
Conversamos com Mateus para conhecer um pouco mais sobre o processo de criação do Estúdio, suas estratégias em uma era digitalizada e perspectivas para o futuro.
Qual a origem do nome Few? Qual foi o ponto de partida para a criação do Estúdio?
O intuito inicial era aproveitar a expertise com o metal e criar produtos agregando o design como fator diferencial. Enfim, a gente passou dois anos produzindo protótipos, experimentando acabamentos, coletando erros e acertos até nossa primeira coleção sair do papel e iniciamos a FeW.
O nome FeW surgiu de uma reflexão do nosso cotidiano e dos materiais mais usados por aqui, nosso nome é uma sigla baseada nos elementos da tabela periódica, Fe(Ferro) + W(Tungstênio), onde o ferro é a nossa principal matéria-prima e o tungstênio é o conduíte presente em nossas máquinas de solda, que é uma das principais atividades envolvidas na produção de nossas peças
Quando pensamos em design contemporâneo e novas tecnologias imersivas, como você acredita que essa relação pode acontecer? Quais iniciativas aplicar ao negócio em uma era digitalizada?
Quando falamos sobre criar uma marca de design contemporâneo, acredito que deva existir uma intenção em criar produtos pensados para o ‘agora’, ou seja, produtos que tenham uma linguagem atual, que solucionem problemas atuais, que se comuniquem com seus usuários sem ruídos e que estejam atento as informações derivadas dessa comunicação.
Talvez uma das maiores dificuldades de iniciar uma marca seja criar confiança com o seu público, principalmente quando falamos em comercializar um novo produto físico através de plataformas online. Pensando sobre a chegada de novas tecnologias imersivas, é possível expandir a experiência e a comunicação com usuário, usando a realidade aumentada o consumidor pode ter uma prévia autêntica daquele produto, no momento que ele quiser e de onde estiver, levando de forma imediata e precisa aquele produto para dentro do seu universo, sem custos ou empecilhos, criando uma camada extra de confiança entre a marca e o consumidor.
Além desse aspecto, podemos levar em consideração como a utilização de novas tecnologias ajuda em criar um posicionamento de marca com destaque e diferencial no mercado, sempre buscando alternativas para facilitar a interação do seu usuário produto com o produto, agregando valor na experiência do consumidor e solidificando uma relação de confiança entre a marca e o consumidor.
Como as formas das peças da Few são projetadas? O que inspira você durante o processo de criação de um mobiliário novo?
O processo criativo da nossa primeira coleção foi certamente o mais espontâneo, a gente sabia que a estética industrial seria nosso caminho a seguir, mas mesmo assim foi um momento de experimentação e o resultado ditou a personalidade da marca. Dito isso, para as seguintes coleções nosso processo criativo está bem mais voltado à resolução de problemas, pensando sempre como aquela peça que estamos criando pode servir na nossa rotina, sem comprometer funcionalidade e mantendo nossa linguagem estética característica.
Acredito que o que mais nos inspira durante a criação de um produto ou coleção, é a busca pela interseção de funcionalidade e estética. Queremos sempre elevar a estética de nossas peças mas ao mesmo tempo preservando 100% da funcionalidade da mesma, afinal estamos produzindo uma peça que será utilizada todos os dias pelo nosso consumidor, queremos que ele sinta eufórico ao ver nossos peças online ou no projeto de interiores de sua casa, mas ao mesmo que sinta satisfação em usar a peça diariamente.