Utilizando mecanismos projetados manualmente, Hoxxoh desenvolve dispositivos que espalham tinta sobre superfícies sem contato direto com as mãos.
Douglas Hoekzema, conhecido como Hoxxoh, é um artista visual de Miami com formação em arquitetura e atuação reconhecida internacionalmente por sua abordagem singular no campo da arte contemporânea. Seus trabalhos, que incluem murais de grande escala, pinturas e instalações cinéticas, exploram a representação do tempo por meio de padrões geométricos, movimentos pendulares e o uso controlado da gravidade como ferramenta de criação.
Utilizando mecanismos projetados manualmente, Hoxxoh desenvolve dispositivos que espalham tinta sobre superfícies sem contato direto com as mãos. O gesto artístico, nesse caso, é delegado a estruturas pendulares que distribuem a tinta com base na ação natural da gravidade. Esse processo elimina a intervenção direta do artista sobre a superfície, permitindo que a obra seja resultado de forças físicas como tempo, movimento e direção, organizadas em composições visuais precisas e hipnóticas.
A estética do artista combina referências da natureza e da paisagem urbana. A inspiração vem da luz e da sombra, do movimento do vento, do som ambiente e dos ritmos das cidades. Seus padrões circulares e repetições matemáticas remetem a sistemas naturais e à ideia de ordem emergente, criando obras que mesclam espontaneidade e cálculo técnico. Além do impacto visual, a obra de Hoxxoh convida à contemplação. A repetição dos movimentos, a distribuição ritmada da cor e a ausência de intervenção manual direta geram um efeito visual que simula o próprio fluxo do tempo.
Um dos elementos estruturantes de sua obra é o uso de padrões fractais, formas geométricas que se repetem em diferentes escalas e que são encontradas amplamente na natureza, como em folhas, galáxias, formações rochosas ou redes de rios. Fractais são, por definição, estruturas auto-similares: cada parte contém, em miniatura, o todo. Hoxxoh incorpora esse princípio na construção de suas composições, que se desdobram em camadas concêntricas, espirais e ondas, sugerindo infinitude e complexidade a partir de módulos simples.
Esse uso do fractal não é apenas estético, mas conceitual: remete à ideia de que o tempo é feito de ciclos que se repetem com variações, e que há ordem mesmo na aparente desordem. Ao adotar esse vocabulário visual, o artista cria obras que conectam a arte digital, a matemática e os padrões naturais, propondo um olhar renovado sobre o espaço e a percepção.