Reunindo mais de 800 imagens produzidas desde os anos 1970, quando as primeiras câmeras chegaram à Terra Indígena Sete de Setembro, a mostra rompe o fetiche exótico e devolve às imagens sua função mais nobre: a de testemunhar.
E se o retrato mais potente da contemporaneidade não viesse de uma passarela, mas de uma aldeia? A exposição Paiter Suruí, Gente de Verdade, do Coletivo Lakapoy, transforma a imagem em arma e afeto, em um gesto radical de autoria: indígenas contando suas próprias histórias com suas próprias câmeras.
Reunindo mais de 800 imagens produzidas desde os anos 1970, quando as primeiras câmeras chegaram à Terra Indígena Sete de Setembro, a mostra rompe o fetiche exótico e devolve às imagens sua função mais nobre: a de testemunhar. Não há aqui a mirada extrativista do olhar branco; há memória viva, compartilhada entre gerações, tecidos de afeto, dor e luta costurados em papel fotográfico e pixels.
Essa iniciativa não apenas desafia os limites entre arquivo e museu, mas também ressignifica o próprio conceito de moda e imagem: o que é estilo senão um modo de habitar o mundo com dignidade? O cocar e o bastão cerimonial, a camiseta e o celular, tudo aqui é símbolo de resistência e reinvenção. Como já indicavam Boltanski e Broodthaers, o arquivo é também um campo de batalha simbólica. E no caso do Coletivo Lakapoy, é também um gesto de cura e diplomacia. O Brasil que se quer futuro precisa passar por essa memória sem filtro, onde moda, cultura e política se entrelaçam.
Paiter Suruí, Gente de Verdade.
Um projeto do Coletivo Lakapoy
26/7 a 2/11/2025
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424,
São Paulo/SP - Brasil
Entrada gratuita.
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
Classificação indicativa Livre