A moda brasileira vive um momento de reencontro com suas próprias raízes. Entre os nomes que protagonizam esse movimento, a Sioduhi Studio se destaca por transformar a moda em uma plataforma de resistência cultural e de afirmação das ciências indígenas.
A moda brasileira vive um momento de reencontro com suas próprias raízes. Entre os nomes que protagonizam esse movimento, a Sioduhi Studio se destaca por transformar a moda em uma plataforma de resistência cultural e de afirmação das ciências indígenas. Em sua mais recente coleção, “Kahtiridá – Fio da Vida”, a marca reafirma o compromisso com o direito à memória e com a valorização das tecnologias ancestrais do Alto Rio Negro, traduzidas em experimentações materiais e simbólicas. Única marca amazonense presente no evento em que apresentou a coleção, a Sioduhi ocupa um lugar estratégico: ao mesmo tempo em que projeta a moda do Amazonas para o cenário nacional, devolve ao debate sobre sustentabilidade e inovação a perspectiva indígena, muitas vezes marginalizada nos circuitos oficiais da moda.

O estilista conduz o trabalho com uma lógica que conecta passado e presente: os bordados inéditos e o uso do algodão emborrachado convivem com elementos já reconhecidos da trajetória da marca, como a fibra de tucum e o tingimento natural com a Tecnologia ManioColor, técnica desenvolvida a partir da casca da mandioca e que rendeu notoriedade à Sioduhi no Brasil. A paleta da coleção expande-se: além dos tons terrosos e sutis das coleções anteriores, surgem cores vibrantes que atualizam a linguagem visual sem perder a ligação com a terra. Mais do que roupas, as peças de Kahtiridá encarnam narrativas de cura e resistência, refletindo sobre como os povos indígenas têm elaborado respostas às “mudanças brutais do mundo”. Cada detalhe traduz uma forma de reexistência: do uso consciente dos materiais ao gesto criativo que transforma oralidades em visualidades.

Segundo Sioduhi, o objetivo central de seu trabalho é dar visibilidade ao conceito do bem-viver e reforçar a importância da preservação das tecnologias ancestrais. O designer destaca que os conhecimentos ocidentais também podem contribuir para a continuidade dessas práticas, seja por meio de ferramentas audiovisuais ou pela criação de novos imaginários que, muitas vezes, ainda permanecem no campo da oralidade. Para ele, essa integração é fundamental para garantir o futuro de uma moda que narra as histórias e as vozes da diversidade amazônica.

CURADORIA
Foto
Coleção Kathirida - Fio da Vida
Créditos Direção Criativa: Sioduhi @sioduhi
Direção de Arte: Rain @jovemrain
Fotografia: Alex Costa @rivotrist
Editora de Moda: M4fell @m4fell
Modelo: Sendí Baré @sendibare
Apoio: Amazon Poranga Fashion @amazonporangafashion
Video
Diretor Criativa: @sioduhi
Produção Executiva: @jessildafurtado
Estilista convidada: @thaisdesjardins_
Consultoria de PCP: @sarahvmribeiro
Editora de moda: @m4fell
Diretor de Arte e Captação: @jovemrain
Designer Gráfica: @nathi.cordeiro
Fotografia: @rivotrist
Modelo: @sendibare
Trilha Sonora: @keomadj
Costureira: Tania Lima e Jucy Viana
Modelagem: Ana Lucia Rodrigues