Em sua colaboração com a Petit Bateau, Miu Miu faz um resgate do passado, reverberando a dialética entre o antigo e o novo, transformando peças de algodão finamente trabalhadas em uma meditação sobre a continuidade e as rupturas do vestuário.
Miu Miu adentra um território onde o passado se encontra com o futuro, abraçando a complexidade da nostalgia e a promessa da reinvenção em sua campanha "Duets", destinada à coleção Primavera/Verão 2025. Essa proposta visual não é apenas uma celebração estética, mas uma reflexão profunda sobre os processos de transformação da infância para a vida adulta, um jogo de luz e sombra, de esperanças projetadas e de surpresas não previstas. Liu Haocun, Kayije Kagame, Sunday Rose Kidman Urban, Joey King, Lena Mantler e Eliot Sumner tornam-se, então, as intérpretes de uma narrativa que desvela o delicado fio entre esses dois mundos, um espaço fluido onde o tempo não é linear, mas cíclico e caleidoscópico.
O coração pulsante de "Duets" repousa na evocação dos anos formativos, o momento da vida em que a simplicidade se mescla à precisão, antes que as sobrecargas da complexidade adulta tornem-se inescapáveis. Em uma homenagem ao contraste e à contradição, Miu Miu reinterpreta os elementos mais fundamentais do vestuário, trazendo-lhes uma nova visão. Os vestidos chemisette, ao escorregarem pelos ombros, evocam uma suavidade quase infantil, enquanto camisas torcidas e suéteres bustiê desafiam as convenções do vestuário cotidiano, conferindo-lhes uma aura de ousadia sutil. E os vestidos de algodão branco, com sua aparência inocente e pura, são ressignificados, imbuídos de uma carga histórica que atravessa o tempo.
Em sua colaboração com a Petit Bateau, Miu Miu faz um resgate do passado, reverberando a dialética entre o antigo e o novo, transformando peças de algodão finamente trabalhadas em uma meditação sobre a continuidade e as rupturas do vestuário. A coleção, marcada por texturas luxuosas e silhuetas contrastantes, leva essa tensão estética ainda mais adiante. O que à primeira vista parece ser náilon utilitário revela-se, na verdade, seda técnica de sofisticação requintada. Ao lado de florais delicados e tons de rosa suave, que emanam feminilidade, a marca ousa com jaquetas estruturadas e calças de alfaiataria masculinas, criando um diálogo entre os polos do poder e da suavidade.
Nesse entrelaçar de referências, os clássicos da Miu Miu, como as bolsas Aventure e Arcadie, se reinventam, sendo agora acompanhadas por tênis de desfile e Mary Janes com salto bloco, desafiando o conceito de elegância e funcionalidade. "Duets" não se resume a uma campanha de moda; é um convite a um exercício de reinvenção pessoal, onde cada peça, cada gesto, remete ao espírito curioso e lúdico da infância, mas temperado pela sabedoria que só a maturidade pode proporcionar. Assim, Miu Miu nos convida a atravessar o limiar entre a leveza da infância e a sofisticação da vida adulta, com uma estética refinada e instigante, imbuída de um caráter que só ela sabe transmitir.