Novas Vozes e Imersões no Inhotim: Pipilotti Rist, Rebeca Carapiá e Rivane Neuenschwander

Inhotim inaugura no dia 19 de outubro três novas exposições que prometem dialogar profundamente com as relações entre arte, natureza, corpo e política. As obras estarão em exibição no acervo do museu até 2026.

Cultura // Movimento
por Caíque Nucci
Outubro, 2024

O Instituto Inhotim inaugura no dia 19 de outubro três novas exposições que prometem dialogar profundamente com as relações entre arte, natureza, corpo e política. As obras de Pipilotti Rist, Rebeca Carapiá e Rivane Neuenschwander estarão em exibição no acervo do museu até 2026, oferecendo aos visitantes uma experiência sensorial e reflexiva. A instalação imersiva Homo sapiens sapiens (2005), de Pipilotti Rist, retorna ao Inhotim, enquanto Apenas depois da chuva (2024), de Rebeca Carapiá, e a mostra individual Tangolomango (2024), de Rivane Neuenschwander, estreiam suas narrativas poéticas e provocativas

Conhecido por ser um dos maiores museus a céu aberto do mundo, recebe essas obras em um momento que reforça seu compromisso com a arte contemporânea e a diversidade de vozes. O espaço funcionará de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Os ingressos custam R$25,00 (meia-entrada) e R$50,00 (inteira), proporcionando um acesso democrático ao público interessado em mergulhar nas novas exposições.

A Imersão Sensorial de Pipilotti Rist

A suíça Pipilotti Rist, nascida em Grabs em 1962, retorna ao Brasil com sua instalação icônica Homo sapiens sapiens. Filmada nos exuberantes jardins do Inhotim, a obra foi originalmente apresentada na Bienal de Veneza de 2005, onde a artista representou a Suíça.

Pipilotti Rist

Conhecida por suas videoinstalações que rompem os limites do “cubo branco” tradicional das galerias, Rist transforma os ambientes em espaços sensoriais, onde imagens e sons se misturam em uma experiência imersiva que dialoga com o corpo e a mente. Sua prática artística é marcada por uma abordagem feminista e por questionamentos sobre a percepção e os sentidos. Em Homo sapiens sapiens, Rist explora as possibilidades infinitas da mente humana, criando uma paisagem de descobertas visuais que envolvem o público em um universo onírico.

A Poética Geopolítica de Rebeca Carapiá

Com uma abordagem crítica e reflexiva, Rebeca Carapiá, natural de Salvador, Bahia, apresenta a obra comissionada Apenas depois da chuva. Em seu trabalho, Carapiá explora temas que atravessam a geografia, a memória e o conflito, utilizando diversos suportes como esculturas, instalações, gravuras e textos. Suas criações criam um campo de diálogo sobre racismo ambiental, tecnologias ancestrais, dissidências sexuais e de gênero, e economias da precariedade.

Rebeca Carapiá

Em Apenas depois da chuva, Carapiá continua sua investigação sobre as materialidades e o discurso, oferecendo ao público uma reflexão sobre as relações de poder e a ancestralidade. A obra dialoga com o contexto natural e social de Inhotim, ampliando o debate sobre os impactos geopolíticos que reverberam nas paisagens e na memória coletiva.

As Narrativas Interativas de Rivane Neuenschwander

Rivane Neuenschwander, mineira de Belo Horizonte, traz sua mostra individual Tangolomango, na qual elementos das trocas sociais, memórias e interações são traduzidos em desenhos, pinturas, tapeçarias e vídeos. Desde os anos 1990, a artista se dedica a criar obras que exploram as conexões entre os sistemas vivos e os seres humanos, usando a arte como um meio de reflexão sobre temas como política contemporânea, ciência, história e psicanálise.

Rivane Neuenschwander

Em Tangolomango, Neuenschwander articula essas influências para criar instalações que envolvem o público de maneira ativa, onde a forma e o conceito são construídos a partir da interação com o espectador. Para ela, o "outro" está sempre presente na construção de sua obra, o que torna cada experiência única e viva.

Um Convite à Contemplação e ao Debate

As novas exposições em Inhotim não apenas ampliam o acervo do museu, mas também oferecem um espaço para debates urgentes sobre identidade, natureza e as complexas relações humanas. Cada uma das artistas traz uma perspectiva única, mas todas convergem na busca por um diálogo profundo com o espectador, proporcionando uma experiência que vai além do visual e alcança o sensorial e o emocional. Seja através das imagens vibrantes de Rist, das questões sociais e geográficas levantadas por Carapiá, ou das interações sutis de Neuenschwander, o público é convidado a explorar novas formas de perceber e interagir com o mundo ao seu redor.

Inhotim, mais uma vez, se afirma como um lugar onde a arte contemporânea e a natureza se encontram em um diálogo constante, promovendo uma experiência transformadora. As novas exposições prometem ser um marco na programação do museu, reafirmando seu papel como um espaço de inovação e reflexão no cenário artístico brasileiro e internacional.

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