SPFW N59: A La Garçonne

O xadrez, em suas variações de sussurros e gritos, transborda do miúdo quase tímido ao grandioso multicolorido, feito vitral em movimento. Há um gesto calculado de liberdade nas linhas, uma escuta do corpo em sua pluralidade.

Moda // Spotted: Fashion-System
Por Sarah Rocksane Araújo
Abril, 2025

Com o fio contínuo da alfaiataria em tons únicos, a À La Garçonne volta à passarela da SPFW como quem tece silêncio em meio ao ruído. Fábio Souza costura o tempo em formas amplas, onde calças dançam com o vento e paletós traçam a geometria dos ombros com intenção.

O xadrez, em suas variações de sussurros e gritos, transborda do miúdo quase tímido ao grandioso multicolorido, feito vitral em movimento. Há um gesto calculado de liberdade nas linhas, uma escuta do corpo em sua pluralidade. Alfaiataria, aqui, é também linguagem: e a monocromia, um modo de dizer sem gritar. Cada peça é uma pausa tensa, uma frase interrompida. Uma ideia de força contida, de presença sem ruído.

Fotos: @agfotosite

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Para elas, vestidos longos que contornam o gesto da cintura como quem sabe o que guarda. Para eles, o cotidiano ganha novo fôlego em jaquetas, bermudas, moletons, traduzidos em faixas de um mesmo xadrez que se desdobra em ritmos. Tudo se inscreve no corpo como mapa de um território híbrido, urbano, pulsante. É uma coleção que se  apresenta no verbo usar, mas não se rende ao óbvio. A À La Garçonne, em seu novo fôlego, não busca apenas vestir — ela insinua. Reinventa-se sem fazer alarde, firmando seu retorno como quem volta ao lar depois de ter visto o mundo.

Fotos: @agfotosite

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