SPFW N59: PIET

PIET transforma o Pacaembu em passarela e encerra a SPFW N59 com um desfile sobre futebol e identidade brasileira.

Moda // Other Side
Por Caíque Nucci
Abril, 2025

Na última noite da SPFW N59, foi o futebol que conduziu o encerramento da temporada. Mas não o futebol das grandes arenas ou transmissões globais — e sim o que atravessa memórias de infância, ruas de bairro, camisas antigas e arquibancadas. Na sexta-feira (11), Pedro Andrade, à frente da PIET, apresentou sua nova coleção no Estádio do Pacaembu, ressignificando o streetwear como linguagem de identidade cultural.

Com ingressos abertos ao público e mais de 4 mil pessoas entre arquibancada e gramado, o desfile ocupou o espaço com potência simbólica. A trilha ao vivo de Marcelo D2 e Nave Beats acompanhou a entrada dos looks, em sintonia com o estádio recém-reformado, agora nomeado Mercado Livre Arena Pacaembu — onde Pedro também assume a direção criativa dos produtos oficiais e uniformes da equipe.

Veja os principais highlights do desfile e backstage na experiência em Realidade Aumentada abaixo

A coleção percorreu fases da vida de um brasileiro comum, sempre atravessadas pela presença do futebol. Camisas com referências a uniformes de base, crochês em parceria com artesãos e jeans feitos em teares japoneses dos anos 1950 compuseram a narrativa. Entre tecidos telados, proporções amplas e sobreposições, o desfile articulou códigos esportivos e memória afetiva.

As colaborações com Levi’s, Puma, Oakley e KidSuper reforçaram o diálogo entre moda, esporte e mercado. As peças, com acabamentos que remetem ao uso cotidiano — como manchas e desgaste —, recuperam imagens conhecidas e as transportam para uma nova leitura. O styling trouxe a figura do torcedor como personagem central, sem idealização, mas com força narrativa.

A apresentação marcou também o novo momento da PIET. Com operação estruturada fora do Brasil e presença crescente na Ásia e Europa, Pedro reposiciona o streetwear brasileiro em um circuito global, sem abrir mão das referências locais. O hype dá lugar à construção de sentido.

O desfile encerrou a edição com um gesto que vai além da estética. Falou-se de acesso, pertencimento e repertório cultural. Para Pedro, moda é ponte — e, nessa travessia, o que se viu na passarela foi o Brasil em múltiplas camadas.

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