Fundada em 2020 por Efraim Tavares, a Formmis nasce em Pernambuco com uma proposta clara: desafiar a lógica acelerada da moda convencional.
Fundada em 2020 por Efraim Tavares, a Formmis nasce em Pernambuco com uma proposta clara: desafiar a lógica acelerada da moda convencional. Inserida no universo slow fashion, a marca trabalha com o conceito single, produzindo peças em quantidade limitada e com atenção ao processo como núcleo criativo. Não se trata apenas de roupas, mas de uma pesquisa contínua sobre como o design pode se fragmentar, recompor-se e criar novas visualidades.
A estética da marca é marcada pela tríade: inovação, fragmentação e design. O processo criativo começa com formas dimensionadas que se desdobram em camadas e experimentações. Essa dissolução de moldes e estruturas abre espaço para narrativas visuais que transitam entre o concreto e o imaginário. Cada peça é, assim, um protótipo expandido, onde o vestir é entendido como prática de pensamento, uma forma de conectar e posicionar pessoas por meio do design. Esse gesto de fragmentar para recompor reflete a busca por fluidez: dissolver fronteiras rígidas entre corpo, roupa e espaço. A Formmis entende o vestuário como campo de possibilidades abertas, onde o acabamento é menos uma conclusão e mais uma etapa de diálogo com quem veste.

A coleção Maré, lançada em 2025, marca os cinco anos da marca e simboliza um retorno às origens. Inspirada pelo litoral nordestino, o ponto de partida não é o cartão-postal idílico, mas o cotidiano de texturas, memórias e técnicas manuais que atravessam a região. O litoral aparece tanto em seus elementos materiais — areia, sal, cordas, barcos, conchas — quanto em seus ecos históricos: as formas de sobrevivência, os gestos manuais herdados, os rituais de convivência com o mar. Cada detalhe da coleção é uma tentativa de traduzir essa interlocução estética entre corpo, natureza e memória.

Na Maré, o design opera como uma maré visual: ora avança em cores vibrantes que ecoam a intensidade do sol nordestino, ora recua em tons neutros que remetem ao desgaste dos elementos naturais pelo tempo. Os tecidos apresentam camadas sobrepostas, bordados e misturas experimentais, como o uso do algodão emborrachado, que tensiona o orgânico e o industrial. Essa abordagem não busca simplesmente reproduzir um “estilo praiano”. Pelo contrário, propõe uma poética da resistência: no litoral, cada objeto é um testemunho de adaptação, redes, fibras, tramas, improvisos, e essa lógica é traduzida em roupas que carregam memória e durabilidade

FICHA TÉCNICA
Direção criativa: Efraim Tavares e Brunna Vini
Direção de fotografia e filme: Uhgo
Assistente de fotografia: Rodrigo Souza
Styling: Helena Cândido
Beleza: Taya Limeira