A EGHO STUDIOS abre sua primeira pop-up em São Paulo com edição limitada de camisetas e foco em experiência comunitária e sensorial.
A EGHO STUDIOS inaugurou sua primeira loja física temporária em São Paulo. A escolha do formato, uma pop-up store no espaço LAPI, em Pinheiros. Trata-se de uma abertura transitória, com funcionamento previsto até o fim de agosto, que privilegia a experiência sensorial em vez da permanência estática. A marca aproveitou a ocasião para lançar uma camiseta exclusiva e numerada, restrita a apenas 20 unidades. A ação inaugural, que ofereceu gratuitamente as cinco primeiras peças às pessoas que chegaram no dia da abertura, reforça o espírito comunitário e experimental da EGHO, sempre mais interessada em relações do que em consumo de massa.
A insubmissão que estrutura a EGHO encontra raízes fundas. Um dos ancestrais de Romério, Luiz Pedro, foi figura de destaque no cangaço, braço direito de Lampião. A história que os liga é de coragem e lealdade: quando Luiz Pedro foi capturado, Lampião retornou para morrer ao lado dele, cumprindo um pacto de fidelidade. Essa genealogia atravessa a EGHO como símbolo de resistência e criação. A referência não é um Brasil folclórico de cartão-postal, mas um Brasil sertanejo, místico e cinematográfico, próximo ao imaginário de Glauber Rocha. É com esse país, marcado pela sobrevivência e pelo excesso poético, que a EGHO conversa.
Dentro do projeto Egho Ecos, a marca promoveu encontros musicais que ampliam o universo estético que sustenta suas roupas. O evento, iniciado em edições intimistas no próprio ateliê, agora ganha corpo público. A primeira edição contou com o guitarrista baiano Maxon Kennedy, que transita entre jazz e soul. A segunda recebeu a banda Medula, também de origem nordestina. A coincidência, não planejada, revelou um código da marca: reforçar o diálogo com artistas nordestinos, expandindo a narrativa de pertencimento a um Brasil que raramente ocupa o centro do mercado de moda.
“Foi a primeira vez que tivemos um contato físico tão próximo com o público. A experiência superou as expectativas. Pensávamos encerrar em julho, mas decidimos estender. A aceitação foi muito maior do que o esperado.” O designer enfatiza que a música está no DNA da marca: “Eu sempre fui um cara da música. Foi a música que me colocou dentro da moda. Nossas referências visuais são muito ligadas a subculturas musicais. Criar o Egho Ecos foi uma forma de tornar isso tangível para o público. Moda e música, para mim, são inseparáveis.” Ao comentar a genealogia do cangaço, Romério conecta passado e presente: “Essa herança é resistência. É sobre criar o próprio espaço, mesmo que contra a corrente. É sobre lealdade, coragem e invenção.”
Parceiro criativo de Romério, Gabriel destaca a música como ponto de encontro entre eles: “Nos conhecemos pela música. Romério trazia muito do rock, eu trazia muito do novo hip hop. A marca nasce dessa fusão. O hip hop, hoje, é o novo rock. Ele tem a energia, a força estética e o poder de definir estilos de vida.” Sobre a pop-up, Gabriel avalia: “A resposta foi incrível. O público quer mais. Já pensamos em expandir para espaços maiores. O universo da EGHO é grande demais para caber em um só lugar.” Ele ressalta também o caráter imersivo da experiência: “A arquitetura visual foi fundamental. Trouxemos elementos do shooting para dentro da loja: grades, telhados, materiais reaproveitados. Tudo alinhado com nosso universo. O espaço não era apenas loja, mas uma experiência multissensorial: cheiro, toque, sons. Foi uma imersão real.”
Ao trazer para o centro narrativas do sertão, do cangaço, da música nordestina e das subculturas urbanas, a EGHO reafirma: moda é território de resistência, de invenção e de pertencimento múltiplo.