Com a coleção “MONOPOLY: YOUNG MONEY!”, o designer propõe uma crítica visual e conceitual ao capitalismo tardio e às estruturas de poder que moldam o imaginário da moda.
Na 60ª edição da São Paulo Fashion Week, Dario Mittmann reafirma sua posição como uma das vozes mais inquietas da moda brasileira contemporânea. Com a coleção “MONOPOLY: YOUNG MONEY!”, o designer propõe uma crítica visual e conceitual ao capitalismo tardio e às estruturas de poder que moldam o imaginário da moda — transformando o jogo de tabuleiro Monopoly em um campo de batalha estético entre o “old money” e o “new money”. O resultado é uma passarela-cidade, um tabuleiro tridimensional onde o camp e a subversão pop se encontram para repensar o que significa “vencer” em um sistema de consumo saturado.
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O desfile se estrutura como uma narrativa lúdica e provocativa. Trinta looks desfilam sobre um tabuleiro reconstruído como São Paulo imaginária, com casas nomeadas em português e projeções digitais que ampliam a imersão. A cenografia (ao mesmo tempo irônica e grandiosa) transforma o público em jogador. Cada modelo é uma peça em movimento, uma metáfora do sujeito contemporâneo entre a ambição e o excesso.
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Camisas com gravatas da mesma textura, calças que fundem jeans e alfaiataria, cintos-gravata e bolsas que simulam black cards constroem um vestuário de ironia calculada. São roupas que questionam, com humor, as armadilhas da elegância tradicional. Tênis em forma de pantufas e elementos robóticos completam a equação, embaralhando os códigos do luxo e do conforto, da seriedade e do jogo.
Ao contrário da caricatura, Mittmann não ridiculariza o sistema, ele o performativiza. A coleção não é apenas moda: é uma reflexão sobre o desejo, a conquista e a circulação do capital simbólico. O jogo do vestir é o próprio jogo do poder.Dario combina impressão 3D, estamparia digital e bordados manuais, equilibrando a tecnologia com o toque humano. A colaboração com Repreve e Santista, que fornecem tecidos reciclados de garrafas PET, introduz um viés sustentável e experimental. O luxo, aqui, não está no brilho do metalizado, mas no conceito de reciclar símbolos e matérias.
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IMAGENS PASSARELA
Créditos: Gabriel Cappelletti/ Marcelo Soubhia / Marcelo Soubhia /Ze Takahashi @agfotosite