Marsha P. Johnson, uma figura inesquecível no movimento LGBTQ+, deixou um legado de coragem, resistência e compaixão que ressoa até hoje. Quase 30 anos depois da sua morte, finalmente ela está recebendo a atenção que sempre mereceu.
A morte de Marsha, aos 46 anos, em 1992, quase não teve repercussão na mídia. Ela foi encontrada no rio Hudson, e a polícia de Nova York logo disse que era suicídio. Mas seus amigos e colegas ativistas nunca acreditaram nessa versão. Desde então, o reconhecimento pelo seu trabalho só cresceu. Marsha foi uma verdadeira guerreira pelas causas da justiça social e econômica.
Marsha não era só ativista. Ela era uma revolucionária. Nascida Malcolm Michaels Jr., ela chegou a Nova York em 1963 com uma sacola de roupas e apenas 15 dólares no bolso. Aos 23 anos, Marsha se tornou uma figura central nos eventos após a batida policial no Stonewall Inn, em 28 de junho de 1969. Ela resistiu à prisão e, junto com sua amiga Sylvia Rivera, liderou uma série de protestos que deram origem às primeiras paradas do Orgulho Gay em 1970. Marsha e Sylvia fundaram a STAR (Street Transvestite Action Revolutionaries), que ajudava jovens transexuais. Mesmo com problemas de saúde mental, que a levavam a internamentos frequentes, Marsha nunca parou de ajudar os outros.
Em uma entrevista de 1972, Marsha disse que sua maior ambição era “ver os gays livres e com direitos iguais aos de outras pessoas na América”, com seus “irmãos e irmãs gays fora da prisão e de volta às ruas”. Esse tipo de visão inspirou vários documentários, incluindo "The Death And Life Of Marsha P. Johnson", de David France, lançado em 2017.
O estilo extravagante e a personalidade marcante de Marsha também chamaram a atenção de Andy Warhol. Ela era conhecida por seus looks únicos: saltos vermelhos brilhantes, bijuterias empilhadas, perucas coloridas com frutas artificiais e vestidos cheios de lantejoulas. Esses visuais viraram parte da sua identidade drag e foram imortalizados no portfólio de polaroids de Warhol, "Ladies and Gentlemen", de 1975. Marsha, que costumava dizer “Eu não era ninguém, ninguém, de Nowheresville, até me tornar uma drag queen”, foi uma verdadeira inspiração.
Segundo um relatório de 2019, 331 pessoas trans e de gêneros diversos foram mortas no mundo até setembro, incluindo uma no Reino Unido e nove na Europa. Aprendendo com o exemplo de Marsha, a luta pela igualdade e aceitação continua.