Caê Fernandes possui formação técnica em Comunicação Visual, graduação em Gestão Comercial, estudante de Marketing e possui 10 anos de experiência na área digital, com foco em redes sociais. Sua experiência profissional é majoritariamente em grandes agências de publicidade e consultorias de marketing.
Caê Fernandes possui formação técnica em Comunicação Visual, graduação em Gestão Comercial, estudante de Marketing e possui 10 anos de experiência na área digital, com foco em redes sociais. Sua experiência profissional é majoritariamente em grandes agências de publicidade e consultorias de marketing.
Em 2022, iniciou uma jornada empreendedora fundando o Hub KAÔ, que desenvolve projetos de Comunicação, Cultura e Entretenimento com viés de diversidade de ponta a ponta. Atua como estrategista, produtor geral e executivo, gestor de negócios e parcerias, além de fazer ponte entre marcas e artistas.
Conheça mais sobre a trajetória de Caê na entrevista abaixo.
CM: Como surgiu a KAÔ? Em que momento da sua trajetória você sentiu necessidade de inovar e desenvolver algo próprio que dialoga-se com o que você acredita ser a mudança no mercado?
A KAÔ representa para mim um verdadeiro presente. Enfrentei um período pessoal desafiador, marcado por questões de saúde mental, física e traumas. Como uma liderança preta e LGBT que trabalha com dados e estratégia no mercado de comunicação e publicidade, lidei com uma série de problemas sistêmicos do mercado, que me levaram a aprender na prática, pois desconhecia o quão desafiador seria ocupar esse universo, muitas vezes hostil e pouco amigável.
A KAÔ nasceu em meio a essa revolução pessoal, buscando ser autêntica e alinhada aos meus valores, dialogando com propósitos e conexões reais, destacando-se pela diversidade em todos os aspectos e indo além de discursos vazios. Ao abrir a KAÔ, almejava criar algo que refletisse minhas crenças e provocasse uma mudança sistêmica, evidenciando as potências pretas, periféricas, regionais, de gênero, de diferentes classes sociais e faixas etárias. A intenção era movimentar o mercado em relação a essas questões, frequentemente mencionadas nos briefings, mas raramente vistas na prática nas equipes, especialmente nas centenas de campanhas de grandes clientes que atendi nos meus dez anos de carreira.
A proposta era revolucionar, trazendo minha ancestralidade de maneira presente e enfatizando minha conexão com o Orixá chamado Xangô, presente na essência da KAÔ, que fala sobre o desejo de dar espaço e visibilidade para quem precisa, saudando também a justiça e o equilíbrio nas relações, ações e campanhas. Assim, pude criar um hub de comunicação, cultura e entretenimento, permitindo-me desenvolver projetos que abrangem esses três campos de maneira integrada. A KAÔ é, em resumo, um presente que se originou de um sonho, um trabalho de comunicação que se aproximou da cultura, algo essencial para promover mudanças na sociedade por meio do poder transformador do entretenimento.
CM: Quais foram os principais desafios que você encontrou nessa jornada? Quando eles sugiram, o que fez com que você continuasse caminhando em direção ao objetivo principal?
Os desafios foram muitos, principalmente porque eu estava passando por um grave problema de saúde mental, que só descobri seis ou sete meses após abrir a empresa, quando dei início ao tratamento. Mesmo após quase dois anos, continuo vivendo e entendendo todo esse processo. Eu precisei, de fato, me cuidar e desacelerar. Foi essencial para mim cuidar de minha saúde e desacelerar. Um dos maiores obstáculos foi compreender as dificuldades de ser uma pequena empresa em um mercado onde concorrentes mais consolidados possuíam vantagens em termos de tempo de atuação, experiência em negócios e parcerias sólidas. Na prática, experimentei a crueldade e a força do tão conhecido "QI - Quem Indica". Competir com grandes agências de publicidade e hubs renomados tornou-se mais desafiador, uma vez que não contava com indicações e não nasci com clientes de grande porte. Embora tenha me conectado muito com artistas da música, teatro e influenciadores, a maioria desses projetos era de longo prazo, demandando meses para construir um portfólio e tinham recursos financeiros limitados.
Ao longo do tempo, consegui estabelecer relações e conexões com pessoas que enfrentavam situações semelhantes à minha, o que contribuiu significativamente para o processo. Comecei a ir em eventos, fazer cursos, estudar e me conectar com pessoas importantes do mercado, afinal, networking é tudo!
As dificuldades não foram apenas no aspecto financeiro, envolveram a busca por clientes, patrocínio e apoio, dada a ausência de um portfólio mais robusto. A captação, patrocínio e a busca por apoiadores continuam sendo desafios, uma vez que a empresa é nova e pequena, apesar de contar com minha experiência em comunicação. Compreendi que trabalhar em projetos de longo prazo inicialmente levaria mais tempo para impactar e construir um fluxo de caixa da empresa. Atualmente, atuo como uma "euquipe", pois ainda não formei uma equipe consolidada, o que torna a sobrevivência nesse cenário bastante complexa. Por isso, reconheci a necessidade de focar mais em projetos, compreender a quantidade de energia que posso dedicar e, dependendo do orçamento, envolver pessoas na gestão e execução desses projetos.
Estou constantemente pensando em novos produtos e serviços, estabelecendo alianças e explorando diferentes formatos de trabalho. Paralelamente, em 2023, comecei a fortalecer meu nome como profissional do mercado publicitário para atrair novos clientes e parceiros, dando continuidade aos projetos anteriores e os mapeados para 2024.
CM: Como você enxerga a relação da tecnologia com a economia criativa e como ela pode nos ajudar a criar conexões reais através de ambientes virtuais? Como ela pode auxiliar no processo criativo de mentes inovadoras?
A tecnologia desempenha um papel catalisador em diversas esferas, impulsionando experiências, promovendo a aproximação e mobilizando aspectos culturais. Seu impacto na sociedade é vasto, especialmente quando integrada a projetos inovadores que se alinham às necessidades e à dinâmica da economia criativa. As artes, a criatividade, o entretenimento e a cultura exercem uma influência marcante, moldando comportamentos. Então, ao incorporar a tecnologia de maneira estratégica e bem planejada, ela se torna um facilitador capaz de amplificar iniciativas de forma expressiva.
Projetos que possuem objetivos e metas claras, uma abordagem tecnológica adequada e um propósito alinhado aos princípios da economia criativa têm o potencial de impulsionar iniciativas, que podem ir desde a sustentabilidade até questões de governança e sociais, como o famoso ESG.
Acredito que, apesar das críticas frequentes ao uso tecnologia exagerada, que pode afastar as pessoas, gerar ansiedade ou outros problemas sociais, quando utilizada de forma direcionada, ela pode se tornar uma ferramenta valiosa para a resolução de desafios e para promover mudanças positivas na sociedade.Além de ser uma facilitadora, a tecnologia pode servir como um palco para a aproximação de pessoas que não compartilham o mesmo espaço físico, proporcionando uma conexão rápida e extremamente potente, inclusive nos processos criativos. A diversidade de pensamentos enriquece essa interação, permitindo a pluralidade de vivências e histórias diversas. Este aspecto é crucial, pois a tecnologia pode quebrar barreiras, viabilizando o compartilhamento de histórias que, em outros momentos, eram inacessíveis.
No final, ao promover essa aproximação e reunir pessoas para discutir projetos e ideias, cria-se um ambiente real com um potencial significativo para impulsionar processos criativos, movimentar essa economia e aos poucos, impactar as estruturas para direcionar os olhares para uma sociedade que queremos viver, e é um futuro possível.