Em Pausa, que ocupa o Sesc 14 Bis, a artista visual, educadora e contadora de histórias Stela Barbieri propõe um novo pacto com o tempo: uma experiência sensorial onde o descanso se transforma em um gesto político e o ócio, em ferramenta de escuta e reinvenção do cotidiano.
Entre os barulhos da vida urbana e os ruídos internos que nos acompanham, uma exposição emerge como um convite poético à desaceleração. Em Pausa, que ocupa o Sesc 14 Bis, a artista visual, educadora e contadora de histórias Stela Barbieri propõe um novo pacto com o tempo: uma experiência sensorial onde o descanso se transforma em um gesto político e o ócio, em ferramenta de escuta e reinvenção do cotidiano.
Instalada no térreo da unidade, a exposição reúne obras em grande escala construídas a partir de materiais como bambu, ferro, miçangas e tecidos. Em comum, todas as instalações foram pensadas como refúgios de presença e introspecção. Casulos auditivos, cadeiras de balanço e espaços táteis funcionam como pequenas cápsulas de suspensão do tempo, criando um ambiente onde a imaginação é convocada a respirar — junto ao corpo, à memória e ao som.
Entre os destaques, está a obra Banho de Canto, inspirada em uma cadeira/harpa descoberta por Stela em uma loja de instrumentos musicais. A estrutura, cercada por elementos sonoros ativados pelo movimento, já havia sido apresentada em 2018 no Instituto Tomie Ohtake e aqui ressurge como uma peça-chave para entender o eixo imersivo e contemplativo de Pausa.
Ao revisitar sua trajetória entre arte, educação, literatura e música, Stela oferece ao público a chance de experimentar pausas como interstícios de transformação. “Fabular – pausar – é um ato político”, afirma a artista. “A alternância entre movimento e descanso nos faz perceber cada instante de reconexão como um gesto revolucionário de cuidado.”
Com curadoria educativa atenta às diferentes infâncias e subjetividades, a exposição também propõe interações com escolas por meio de visitas mediadas — oferecendo às novas gerações a possibilidade de compreender o descanso como direito, e a imaginação como caminho de cura.
No coração de Pausa, está uma convocação: desacelerar não é apenas parar — é resistir, é lembrar, é escutar. Em um mundo que nos exige produção constante, Stela Barbieri nos convida a sonhar com mais vagar.